A Academia Catarinense de Poetas Trovadores, fundada em janeiro de 2018, presta homenagem a Dom Dinis (Rei Trovador), fundador da Universidade de Coimbra, a mais antiga de Portugal, fundada em 1290, pouco mais de um século após o nascimento da nação portuguesa. Dom Dinis assinou o Scientiae Thesaurus Mirabilis, dando origem à Universidade mais antiga de Portugal e a uma das mais antigas do Mundo.

Essa Universidade, conforme documento (Scientiae Thesaurus Mirabilis), datado de 1 de Março de 1290, dá início ao Estudo Geral (Studium General) e é reconhecida, no mesmo ano, pelo Papa Nicolau IV.

A Universidade começou a funcionar em Lisboa e foi transferida para Coimbra em 1308, alternando entre as duas cidades até ao século XVI, em 1537 foi instalada definitivamente na cidade de Coimbra.

Todo este processo transformou Coimbra numa cidade universitária, a "Cidade dos Estudantes", uma cidade dedicada ao conhecimento e aos estudos, cercada por um cenário repleto de tradição.(C.C.S.) . 

Segundo Adelmar Tavares, a palavra “trovador” apareceu no século XI, e nos séculos XII e XIII uma legião de poetas-cantores propagou suas composições (...) Os poetas da Provença e da Normandia extraíam da arte popular a inspiração para os temas das canções de partida para as Cruzadas, e as iam aperfeiçoando. Os trovadores também confiavam seus versos aos jograis e menestréis, que os espalhavam por outras terras. Iam de cidade em cidade e se faziam acompanhar da harpa, da viola ou do órgão portátil. A trova também floresceu amplamente na Península Ibérica. Com o tempo atingiu toda a Europa (...) O documento literário mais antigo de Portugal (escrito em trovas) é de 1198, a Cantiga da ribeirinha, de Paio Soares Taveiros.

Na Península Ibérica, os reis se orgulhavam da condição de trovador. Afonso II de Aragão (1126-1196) considerava-se o primeiro trovador da Catalunha (...) Em Leão e Castela, temos D. Afonso X, o sábio; em Portugal D. Sancho, D. Diniz, o infante D. Pedro. Em verdade, o título de trovador chegou a ser um distintivo nobiliárquico, ou seja, um dos mais altos títulos a que alguém podia almejar.
 

      Exemplos de algumas trovas clássicas

Que farei, eu, lá no céu?
Urge o tempo de existir...
- Em delírio estou ao léu,
pois não sei como subir!

    (Ari Santos de Campos)

Tanto amor, tanta emoção,
da memória isso não sai...
- Ouço a voz, do coração,
conversando com meu pai!?
    
  (Ari Santos de Campos)

Quero apagá-los da vida,
todos os erros, que fiz.
Que a vida seja a bebida
que tomei pra ser feliz!
   
(Ari Santos de Campos)

A cadeia é um presente,
tem de tudo, e moradia...
- Se matar um inocente
é gozar da mordomia.
   
(Ari Santos de Campos)

Tudo se gasta e se afeia,
tudo desmaia e se apaga,
como um nome sobre a areia
quando cresce e corre a vaga.

           (Casimiro de Abreu)

Na copa dos arvoredos,
nas orvalhadas verduras,
há sonâmbulos segredos
e murmuradas ternuras.

              (Cruz e Sousa)

Dessa tão ferrenha mágoa
de querer vos esperar,
meus olhos se encheram d’água,
salgada como a do mar!

               (Emiliano Perneta)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente!

                (Fernando Pessoa)

A primavera, opulenta,
rica de cantos e cores,
palpita, anseia, rebenta,
em cataclismo de flores.

                (Guerra Junqueiro)

Tudo muda, tudo passa,
neste mundo de ilusão:
vai para o céu a fumaça,
fica na terra o carvão.

                 (Guilherme de Almeida)

Saudade, perfume triste
de uma flor que não se vê;
culto que ainda persiste
num crente que já não crê!

                  (Menotti del Picchia)

Deixando a bola e a peteca,
com que inda há pouco brincavam,
por causa de uma boneca
duas meninas brigavam.

                  (Olavo Bilac)

Duas almas sim, deves ter... 
é um conselho dos mais sábios:
uma no fundo do ser,
outra boiando nos lábios.

                   (Raul de Leôni)

Amar é fazer o ninho
que duas almas contém;
ter medo de estar sozinho,
dizer com lágrimas: – Vem!

                  (Tobias Barreto)

Haverá queixa mais justa
que a do feliz que se queixa?
Ai, o bem que menos custa
custa a saudade que deixa!

                  (Vicente de Carvalho)

O cinamomo floresce
em frente do teu postigo.
Cada flor murcha que desce
morre de sonhar contigo...

   (Alphonsus de Guimaraens)

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