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30 de Novembro, 2015

Como fazer boas Trovas

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CONSELHOS PARA FAZER A BOA TROVA (esse texto está em "Materias Especiais" do site). (texto escrito há cerca de trinta anos mas ainda extremamente válido). (Extraído, agora, do site "Falando de Trovas"). 

Dizem que se conselho tivesse realmente valor, a gente não dava, vendia. No entanto, dada a escassez de literatura de ensino sobre a confecção da poesia, especificamente de trova, me aventurei a contrariar o refrão popular e a alinhavar estes, dedicados especialmente aos novos trovadores. Não há novidade nenhuma nestes conselhos. Alguns são até bem óbvios. Também, evidentemente, a grande maioria deles não se limita só à trova, são comuns para a poesia e para a literatura em geral. Vamos a eles:

1 – Estude português. Conheça ou procure conhecer bem a língua, o vocabulário e seu funcionamento (ou seja, a gramática). O poema é feito de palavras em ação, transmitindo pensamentos e sons. Como o pintor precisa conhecer as tintas e suas maneiras de se ligarem, como o músico necessita saber tudo sobre as notas musicais e os instrumentos que utiliza, o poeta precisa conhecer bem sua matéria prima, ou seja, os vocábulos da língua, como eles interagem uns com os outros. Portanto, se você não sabe português, procure saber.

2 – Leia os bons autores. Estude a maneira como trabalharam a palavra, a frase, o verso. Procure descobrir como é que eles chegaram a certas soluções, a certos efeitos de que você gostou.

3 – Aprenda bem a metrificação. Procure inteirar-se dos segredos da contagem silábica fônica. O ideal é você procurar quem conheça a técnica e estudar com ele.

4 – Não tenha preguiça de fazer, mesmo sozinho, exercícios poéticos de metrificação. Nestes exercícios, procure imitar as trovas ou os trechos dos quais você gosta, variando ou modificando os temas originais. Lembre-se: qualidade e não quantidade é o que se quer da obra de arte.

5 – Valorize-se.  Não publique qualquer besteira. Só se permita publicar aquilo de que realmente goste. Exerça rigorosa autocensura de qualidade. Lembre-se que seu nome está em julgamento cada vez que alguém lê algo assinado por você.

6 – Não tenha medo de emendar obras já terminadas ou até publicadas. A comunicação é difícil e há sempre uma melhor maneira de dizer alguma coisa. Vale a pena modificar trechos para alcançar ou aproximar-se, pelo menos, da perfeição.

7 – Por outro lado, há um momento em que se deve parar. Muitas vezes – e isto se dá frequentemente com a trova, que é composição quase que instantânea – o melhor a fazer é abandonar aquele caminho, jogar tudo fora e começar tudo de novo.

8 – Uma boa maneira de exercitar sua criatividade é, mesmo tendo alcançado a comunicação, e feito uma trova que considera boa, recomeçar e tentar comunicar a mesma coisa com outra trova de maneira diferente. Às vezes o resultado disto é tão bom que as duas trovas resultantes podem ser aproveitadas.

9 – A trova exige ser pensada antes de ser escrita. É importante que ela diga alguma coisa, tenha um achado, algo que lhe dê um quê especial, que a torne única entre as outras trovas, ou seja, personalidade. Aproveite bem aquele exíguo espaço de 28 sílabas poéticas. Todas as palavras devem ter função, e não deve faltar nenhuma palavra. Este é um dos grandes segredos da boa trova.

10 – O trabalho final deve estar limpo e completo. Os versos devem ser fáceis de ser lidos e entendidos, as palavras em sua ordem certa, sem mutilações ou inversões. As dificuldades de composição não devem transparecer no resultado final. Tire os andaimes do edifício antes de apresenta-lo ao público.

11 – Na composição do verso da trova, você deve tomar cuidado com a sonoridade, particularmente com a distribuição das vogais pelas sete sílabas, especialmente as tônicas. Será interessante, para evitar a monotonia e aumentar o efeito estético, que as vogais de apoio das tônicas das palavras do verso sejam todas diferentes no mesmo verso. Esclareço com exemplo: “Amada e adorada fada” é um verso onde todas as sílabas tônicas (a 2ª, a 5ª e a 7ª) possuem a vogal de apoio “a”. Resultado: monotonia. No verso “Passarinho, tuas penas”, já as sílabas fortes são todas diferentes: a terceira sílaba tem vogal de apoio “i”, a quinta “u” e a sétima “e”. Note-se que o colorido já é outra coisa!

12 – Você deve aprender o uso inteligente das vogais, especialmente na transmissão de sentimentos, tanto nas rimas como nas vogais de apoio das sílabas tônicas do verso. Não chego ao exagero de dizer (como diziam os parnasianos) que a cada vogal corresponde uma cor – mas, indubitavelmente, as cores claras, a alegria, a leveza, estão nas vogais mais abertas – a – é e ó. A tristeza, a gravidade, o luto, a morte, o pesadume são domínio das vogais ê, ô e u. O “i” tem algo tem algo de elétrico, subitâneo, cortante, gritante, frio... O ê, êm, on (ou õ) e o na (ou ã) transmitem volúpia, langor, preguiça, paragem...

13 – Não use clavilhas, ou palavras colocadas ali sem necessidade, apenas para completar as sete sílabas do verso. Procure utilizar todas as sílabas para reforçar a mensagem.

14 – Por outro lado, não use palavras mutiladas pelo apóstrofo. A língua portuguesa é riquíssima de sinônimos e de recursos, e as chamadas “licenças poéticas” não cabem mais na trova moderna. Não se escreve mais “minh’alma” e copo d’água”; a elisão se dá na pronúncia, normalmente.

15 – Não inverta a ordem natural das palavras, a não ser quando permissível na linguagem comum. Tais inversões, muito usadas na poesia do passado, perturbam a fluência natural do entendimento do verso.

16 – Não utilize frases vazias, apenas para “encher linguiça”. Trovas a gente às vezes vê onde a mensagem está concentrada em apenas um ou dois versos – sendo os outros constituídos de umas bobaginhas com rima, só para completar a trova. Não faça isso. Deve usar os quatro versos para dizer algo em todos eles – e com todos eles.

17 – Tome cuidado com os cacófatos. Leia sua trova em voz alta para ver se não entrou nela alguma “palavra pirata”, roubando o sentido da frase e destruindo qualquer efeito poético que você quis dar, formada, por exemplo, com sílabas de palavras contíguas: “o álbum da moça”, “pouca galinha”, “não há sapatos” (que pode ser entendido por “não assa patos”), “que belos versos compus” (versos doentes, pois estão com pus...).

18 – Não use palavras dissonantes, malsoantes, com “encontros” ou “esbarrões” de sílabas tônicas, como: “nesta data tão querida”. Evite coisas como a preposição “como”, que pode transformar-se em tempo verbal de “comer”: “como a poeira dos anos”, ou “desabrocha” – que pode significar “diz a brocha”...

19 – Não use expressões batidas, lugares comuns. Procure sempre ser original, combinar as palavras de maneira nova. Afinal a arte poética é isso: a procura incessante de novas maneiras de expressão.

20 – Os adjetivos devem ser usados com parcimônia. Os substantivos e os verbos são a essência da comunicação verbal. Os adjetivos devem aparecer pouco, apenas para colorir, perfumar, temperar.

21 – E a rima? Importantíssimo elemento da trova, que só possui no máximo duas, ou seja, dois pares de versos com rimas iguais. E essas duas rimas devem ser escolhidas com cuidado e critério. Como disse Banville, as rimas devem parecer surpresas de se encontrar, mas ao mesmo tempo contentes com o encontro.

22 – Evitar que os dois pares de rimas fiquem parecidos entre si, ou seja, tenham sons idênticos. Para isso, não devem ter as vogais de apoio iguais: para isso, não devem ter as vogais de apoio iguais: óde/ófa; une/ula; ado/ave – ou serem homófonos: ente/ezes; uva/lua; ora/oda.

23 – Não rimar timbres diferentes de “e” e de “o”. Chapéus não rima com Deus, nem festa com cesta, nem foi com herói, etc.

24 – Evitar rimas muito fáceis. Mesmos tempos de verbo: amaram/voltaram; serão/amarão. Ou diminutivos: amorzinho/cachorrinho. Ou advérbios em mente: somente/constantemente. Quando aparecer uma rima em diminutivo, rimar com outra palavra de mesma terminação: cachorrinho com vinho, vizinho, ninho... Constantemente com gente, ausente, etc.

25 – Evitar rimas evidentes, já muito batidas: noivo/goivo; noite/açoite; olhos/abrolhos; água/mágoa; Brasil/gentil/varonil.

26 – Evitar as cavilhas de rima – por exemplo: inventar nomes próprios, às vezes pouco usuais ou inexistentes, e introduzi-los na trova só para resolver um problema de rima. Tal recurso é muito usado em concursos de trovas humorísticas, mas não convence.

27 – Recurso antigo, mas eficaz, é procurar rimar categorias gramaticais diferentes. Substantivos com verbos, adjetivos com pronomes, etc. Exemplos: verdes/terdes; foi/boi; assim/vim; nada/adorada...

28 – Importante auxiliar da composição é o dicionário de rimas – um livro onde aparecem, listadas de acordo com as suas rimas, as palavras da língua. Existem diversos no mercado.

29 – Também o dicionário da língua é importante auxiliar de composição. Você deve conhecer o significado profundo e inequívoco de cada palavra que emprega.

30 – Para escrever uma trova não há fórmula ou receita de bolo. Começa-se escrevendo um dos quatro versos da trova. Este será o núcleo inicial, do qual nascerão os outros, já determinando um dos dois pares de rima, e não é, necessariamente, o que ficará no início da trova. O verso seguinte complementará o pensamento ou rimará com ele.

Será interessante ir numerando de 1 a 4, a provável posição final dos versos que vão nascendo. A necessidade da rima ou da fluência verbal podem, depois, modificar tal posição. Prossegue-se a composição, tentando, mudando a disposição das palavras, brincando com elas, descobrindo sua música e seus significados, tendo em vista, naturalmente, a ideia, a mensagem a transmitir, o sentimento a comunicar – e um efeito final especial, o “achado” que, para ser achado, precisa ser procurado...

Na dúvida de qual verso ou maneira de expressão adotar, vá escrevendo as diversas soluções (com sinônimos, palavras de mesma rima, etc), na folha em branco, embaixo da outra. Assim você não esquecerá delas e as terá à disposição para o caso, por exemplo, de ter de interromper o trabalho ali para fazer outra coisa. Tal listagem de alternativas do mesmo verso facilitará a escolha final – que, por sua vez, pode ser até uma solução híbrida entre duas alternativas da lista.

É isso aí. Divirta-se!

NOTA: esse texto faz parte do livro “TROVADORES 88”, 1º volume, antologia de trovas organizada por Antônio Soares, ocupando as páginas  18/22. Embora alguns trechos pareçam defasados, pois o texto foi escrito em 1988, considero-o extremamente útil, principalmente aos que se iniciam na Trova. O autor do mesmo é o grande historiador da Trova, o pontagrossense ENO TEODORO WANKE.

26 de Novembro, 2015

Concurso Nova Friburgo 2016

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A União Brasileira de Trovadores – Seção Nova Friburgo tem a honra de apresentar:

Regulamento dos LVII Jogos FLorais de Nova Friburgo - 2016
Concurso Nacional / Internacional

Tema Terra - (L/F) - ( Valendo palavras cognatas )
Tema: Marmita ( Humor )
Máximo: 3 trovas por tema
Prazo para remessa: 31 de janeiro de 2016
Endereço: A/C de Dilva Maria de Moraes, Av. Ariosto Bento de Mello 30/502 - Nova Friburgo - RJ CEP: 28 610 100

CATEGORIA – Novatos – TROVAS LÍRICAS OU FILOSÓFICAS

Tema: Terra
Máximo: 3 trovas ( Valendo palavras cognatas )
Prazo para remessa: 31 de janeiro de 2016
Endereço: A/C de Dilva Maria de Moraes Av. Ariosto Bento de Mello 30/502- Nova Friburgo-RJ CEP- 28 610 100
Obs: A categoria Novatos é específica para trovadores (as) que ainda não tenham classificação em concursos de ÂMBITO Nacional, promovidos pela UBT.
É imprescindível que o participante desta modalidade escreva no envelope categoria Novatos.

Concurso Paralelo – Nacional / Internacional Homenagem ao Centenário de Luiz Otávio

Vamos homenagear Luiz Otávio - O “Príncipe da Trova” – o eterno “Remetente” de todas as nossas trovas. Sua vida e seu amor pela trova são fundamentos inspiradores para todos nós. Que possamos reverenciar a sua memória com o que há de melhor em cada um de nós, ou seja, uma linda trova!

Máximo: 1 trova por participante
Prazo para entrega: - até 31 de janeiro de 2016
Endereço: A/C de Dilva Maria de Moraes Av. Ariosto Bento de Mello 30/502- Nova Friburgo - RJ CEP: 28 610 100

Magníficos trovadores: conjunto lírico / filosófico ( cinco trovas ) 
Tema: avesso conjunto humorístico - Faísca nota
O regulamento do Concurso dos Magníficos Trovadores será enviado aos participantes, pela comissão organizadora da categoria Magníficos.

Concurso Local – Moradores em Nova Friburgo

Tema: Festa(L/F)
Tema: Tombo ( Humor )
Máximo: 3 trovas por tema
Prazo para remessa: 31 de janeiro de 2016
Endereço: A/C Renato Alves Rua Flamínia – 596 – Vila da Penha Cidade do Rio de Janeiro- RJ - CEP: 21 221 240

Concurso Paralelo Local – Homenagem ao Centenário de Luiz Otávio:

1 trova por participante
Enviando para o endereço de Renato Alves.
Atenção: todas as modalidades no sistema de envelopes que consiste em: Digitar ou datilografar a trova na face externa de um envelopinho (8 cm x 11 cm, aproximadamente). Em seguida, colocar dentro desse envelopinho um papel, dobrado, com a identificação do autor da trova: nome, endereço, telefone e e-mail, se o tiver. Para cada trova - um envelopinho, repetindo os procedimentos.

Em seguida, colocar o (s) envelopinho (s) dentro de um outro – maior – e remeter para o endereço do concurso. Como remetente inserir: Luis Otávio e colocar o endereço do destinatário do concurso.

União Brasileira de Trovadores - Seção Nova Friburgo Elisabeth Souza Cruz Presidente

Observação do site Falando de Trova:  na categoria "Humorísticas, Nacional, tema: "Marmita", o chamado "Novo Trovador" pode concorrer livremente, sem precisar citar o termo "Novo Trovador" abaixo da trova, ok?  Boa sorte a todos.  

25 de Novembro, 2015

Concurso Trovas Maringá

Categorias: Pagina, Concursos

Concurso de trovas - 110 anos de Rotary International

No intuito de festejar os 110 anos de existência do Rotary International, ocorrido em 23 de fevereiro de 2015, foi nesse mesmo mês lançado o edital de um concurso de trovas que visava premiar as melhores trovas, baseadas no lema “Dar de Si antes de Pensar em Si”.

1° lugar: Pedro Mello,  candidato n° 33, de Curitiba, Pr. Em minha oração eu venho te pedir, Senhor, um Bem: que eu possa usar o que eu tenho pra servir quem nada tem...

2° lugar: Dari Pereira,  candidato n° 25, de Maringá, Pr. O Rotary vive e tem esta tão nobre missão, pois é sem olhar a quem que a gente serve o irmão.

3° lugar: Vanda Fagundez Queiroz, candidata n° 17, de Curitba, Pr. Faça o bem sem esperar que  alguém venha agradecer: o pequeno verbo “dar” é maior que “receber”!

4° lugar:  João Henrique F. Ferreira, candidato n° 27, de Maringá, Pr. Servir, do Rotary é lema que grato exemplo nos traz, atrelando, ao mesmo emblema, laços de amor e de paz!

5° lugar: Jorge Fregadolli, candidato n° 26, de Maringá, Pr. Rotary espalha confiança ao fazer crescer o bem; e ilumina a esperança de um novo sonho que vem.  

25 de Novembro, 2015

Trovas Inesquecíveis de Poetas Brasileiros

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Às vezes, o mar bravio dá-nos lição engenhosa: afunda um grande navio, deixa boiar uma rosa. (Luiz Otávio)

Nossa alma é uma criança, que nunca sabe o que faz. Quer tudo que não alcança; quando alcança, não quer mais… (Adelmar Tavares)

Redimindo os pecadores, conduzindo-os para a luz, o maior dos sonhadores morreu pregado na cruz. (Aparício Fernandes)

Sob a luz do sol nascente segue o velho, estrada afora… – É uma gota de poente vagando dentro da aurora… (Adalberto Dutra Rezende)

A mais triste solidão que os seres humanos têm é abrir o seu coração… olhar e não ver ninguém! (Ademar Macedo)

Triste sina dos mortais é ver, assim malfadadas, lado a lado almas rivais, almas gêmeas separadas… (Albercyr Camargo)

Da infância e de seus folguedos, relembro instantes diletos, quando sou, entre brinquedos, brinquedo na mão dos netos! (Alcy Ribeiro Souto Mayor)

Eu creio em Deus, com profundo sentido de lucidez… Mas, no Deus que fez o mundo, não no Deus que o mundo fez! (Alfredo de Castro)

Ao lembrar que o teu brinquedo é decifrar-me, sorrio… De nada vale o segredo de um velho cofre vazio. (Alonso Rocha)

As asas que Deus lhe deu ruflaram de para em par. Sua alma subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar... (Alphonsus Guimaraens)

Eu amo a vida, querida, com todo o mal que ela tem! Só pelo bem – que há na vida, de se poder querer bem. (Anis Murad)

Sou feliz. Não vivo ao lado das estrelas na amplidão, mas posso ter um punhado de vaga-lumes na mão. (Antônio Roberto Fernandes)

Saudade, ponte encantada entre o passado e o presente, por onde a vida passada volta a passar novamente. (Archimino Lapagesse)

Cada palavra relida da carta que alguém nos fez é um pedacinho da vida que a gente vive outra vez. (Augusta Campos)

Não te comparo a uma rosa porque, se a rosa souber, vai ficar muito orgulhosa e intitular-se mulher. (Baltazar Godoy Moreira)

Destino é força que esmaga, credor austero, tremendo: manda a conta e a gente paga, sem saber que está devendo… (Barreto Coutinho)

Saudade, palavra doce, que traduz tanto amargor! Saudade é como se fosse espinho cheirando à flor! (Bastos Tigre)

Teus olhos, em que distingo um frecheiro a me frechar, são belos como um domingo com sinos a repicar. (Batista Cepellos)

As dores e os desencantos têm dois destinos diversos: ou se dissolvem nos prantos, ou se desfazem nos versos. (Batista Nunes)

Os beijos, segundo os sábios, dados com muita afeição, não deixam sinal nos lábios, mas deixam no coração. (Belmiro Braga)

Quis rasgar o teu retrato, mas que tristeza, que sina… Até no papel o ingrato do teu olhar me domina! (Benny Silva)

Meu lenço, na despedida, tu não viste, em movimento: lenço molhado, querida, não pode agitar-se ao vento. (Carlos Guimarães)

Sou austera e destemida quando o momento requer; mas nos teus braços, vencida, sou simplesmente mulher! (Carolina Azevedo de Castro)

Na hora em que a terra dorme enrolada em frios véus, eu ouço uma reza enorme enchendo o abismo dos céus... (Castro Alves)

Sou mais alta que esse morro, mais vasta que aquele mar. Há muito que me percorro sem me poder encontrar. (Cecília Meireles)

Nas sábias leis do Senhor há uma sequência invertida: – é a vida gerando o amor… – é o amor gerando a vida… (Célio Grünevald)

Meu coração, hoje em dia, desfeito, cansado e mudo, lembra uma feira vazia, depois que venderam tudo! ( pe.Celso de Carvalho)

Hoje eu sei que foi loucura… Mas, ao louco, que fui eu, devo o pouco de ternura que o bom senso não me deu. (Cesídio Ambrogi)

No portão, os namorados são como barcos no cais: pelos beijos amarrados, querem ir e ficam mais. (Cleonice Rainho)

A dor é o caro pedágio que é pago na ponte erguida de um estágio a outro estágio, na travessia da vida. (Clóvis Maia)

Passei a crer nos amigos, e em bondade ainda creio, depois que vi dois mendigos repartindo um pão ao meio. (Colbert Rangel Coelho)

Se acaso eu fosse rainha, dava a você meu reinado; e se fosse uma andorinha, o meu ninho no telhado. (Colombina)

Na copa dos arvoredos, nas orvalhadas verduras, há sonâmbulos segredos e murmuradas ternuras. (Cruz e Souza)

Talvez eu fosse feliz se conseguisse esquecer o bem que pude e não fiz, o mal que fiz sem saber. (Delmar Barrão)

Ao beijar a tua mão, que o destino não me deu, tenho a estranha sensação de estar roubando o que é meu… (Durval Mendonça)

Saudade, lembrança triste de tudo que já não sou … Passado que tanto insiste em fingir que não passou. . . (Edgard Barcellos Cerqueira)

Em que infinito se esconde esse Deus tão grande assim? E minha fé me responde: – Não se esconde. Mora em mim. (Élton Carvalho)

Eu te quero às escondidas, e, se essa espera durar, te esperarei quantas vidas for necessário esperar! (Eugênia Maria Rodrigues)

Canto em versos, pouco a pouco, todo o amor que me enclausura: se ser poeta é ser louco, bendigo o amor e a loucura! (Florestan Japiassú Maia)

O coração nasceu mudo, Deus fê-lo assim de prudente, para que não conte tudo que vai por dentro da gente. (Floriano de Lemos)

Naquela criança linda que brinca, cheia de pressa, o meu mundo, que se finda, fita um mundo que começa. (Galdino Andrade)

Tudo muda, tudo passa, neste mundo de ilusão: vai para o céu a fumaça, fica na terra o carvão. (Guilherme de Almeida)

Esperança é qualquer cousa que não se pode explicar; que a gente quer, mas não ousa, com medo de se enganar. (Helena Ferraz)

A vida o tempo devora; o próprio tempo não dura. Colhe a alegria de agora, para a saudade futura. (Helena Kolody)

Nesta cabana esquecida, e sem você, que sou eu? – Um resto, talvez, de vida, que a própria vida esqueceu… (Helvécio de Barros)

Na distância, ao teu aceno, quanta tristeza me invade… O trem ficando pequeno e, em mim, crescendo a saudade… (Hermoclydes Siqueira Franco)

Amor se dá, não se vende, não se compra, não se empresta… Quem o compra se arrepende, e quem o vende não presta! (Iraci do Nascimento e Silva)

Para mantê-los me empenho, porque penso sempre assim: tendo os amigos que tenho, eu nem preciso de mim. (Izo Goldman)

Candelabro, iluminaste meus dias… que glórias viste! Agora és um velho traste nas noites de um velho triste… (Jacy Pacheco)

Parece troça, parece, mas é verdade patente: a gente nunca se esquece de quem se esquece da gente. (Jáder de Andrade)

Quanto mais teu corpo enlaço mais padeço o meu tormento, por saber que o meu abraço não prende o teu pensamento! (Jesy Barbosa)

Rosas tolas, tão vaidosas, que em belas hastes vicejam… Vem, amor, olha estas rosas, quero que as rosas te vejam! (J.G. de Araújo Jorge)

Juntamos nossos farrapos naquele rancho sem flor: era a miséria dos trapos numa fartura de amor. (J. Guedes)

Na vida, que te conduz às mais diversas pelejas, se não puderes ser luz, que, ao menos, sombra não sejas. (João Freire Filho)

Senhor Deus, ó Pai dos pais, por que motivo consentes, entre teus filhos iguais, destinos tão diferentes? (João Rangel Coelho)

Pergunta-lhe o vaga-lume: – “Por que me vens maltratar? ” E o sapo, com azedume: – “Porque estás sempre a brilhar! ” (João Ribeiro)

No meu humilde viver a solidão é tamanha, que só me falta perder a sombra que me acompanha. (José Carlos de Guimarães)

Sei que, deste mundo lindo, vou sair, só não sei quando, mas quero morrer dormindo para entrar no céu sonhando. (José Lucas de Barros)

De todas as despedidas, esta é a mais triste, suponho: duas almas comovidas, chorando a morte de um sonho! (Joubert de Araújo e Silva)

Eis que o destino descobre a sorte que Deus me deu: ninguém na vida é mais pobre… nem mais feliz do que eu! (Latour Arueira)

Mais aumentas meu desejo se colocas, sem ressábios, a nota “sol” do teu beijo sobre a pauta dos meus lábios! (Lavínio Gomes de Almeida)

O amor, que às vezes nos mata, outras vezes vivifica. – É a loucura mais sensata que o mundo inteiro pratica. (Leopoldina Dias Saraiva)

Minhas netas, sempre rindo, são meu alegre evangelho: – musgo verde revestindo de esperança um muro velho. (Lilinha Fernandes)

Para ajustar meu vestido, não quero fitas nem laços, mas um cinto, meu querido, formado pelos teus braços. (Lola de Oliveira)

Tenho um ciúme daninho do meu amor, belo moço! E até do seu colarinho, porque lhe abraça o pescoço! (Lourdes Póvoa Bley)

Minha vida é uma almofada recamada de açucenas: por fora – tão cobiçada, por dentro – cheia de penas. (Lourdes Strozzi)

Deus fez idosos os sábios… Eram velhos os profetas… Mas, com um sorriso nos lábios, não deu idade aos poetas. (Lucy Sother Rocha)

Lembra a saudade uma estrela nas águas de um ribeirão que fica sempre a retê-la, enquanto as águas se vão… (Luiz Antônio Pimentel)

O Mártir da Galileia esta verdade traduz: – Não morre nunca uma ideia, mesmo pregada na cruz! (Luiz Rabelo)

Só te peço amor sincero, e o céu será todo nosso. Se sou tua – que mais quero? Se sou mulher –  que mais posso? (Magdalena Léa)

O livro, o cigarro ao lado, o rádio, o abajur antigo… Eu deixo tudo arrumado fingindo que estás comigo… (Maria Tereza Noronha)

Descalços pelo gramado, teus pés mansamente vão… Pões, no pisar, tanto agrado, que eu tenho inveja do chão!… (Marina Bruna)

Saudade… perfume triste de uma flor que não se vê. Culto que ainda persiste num crente que já não crê. (Menotti Del Pichia)

Na blusa prendes a rosa à altura do coração. Como pode ser viçosa uma flor sobre um vulcão?! (Miguel Russowsky)

No amor é bom ter cuidados para evitar dissabor… Nem sempre em beijos trocados trocam-se beijos de amor. (Mílton Nunes Loureiro)

Ante o olhar austero e frio daqueles que te criticam, sê feito as pedras do rio: vão-se as águas… elas ficam. (Nádia Huguenin)

É tanto o amor que me invade quando em seus braços estou, que cada instante é saudade do instante que já passou. (Newton Meyer)

O amor é cego, é verdade, porém é cego a seu jeito: quem ama vê qualidade, mas não enxerga defeito. (Newton Rossi)

No mundo nada supera a sensação e o valor de alguns minutos de espera por um momento de amor. (Nicomedes Arruda)

O bambu com muita gente se parece, no feitio: por fora é belo e imponente, por dentro é oco e vazio… (Nilo Aparecida Pinto)

A minha vida consiste numa tristeza sem fim, como se tudo que é triste chorasse dentro de mim… (Nordestino Filho)

No dia em que tu quiseres ser meu senhor e meu rei, serei todas as mulheres na mulher que te darei. (Nydia Yaggi Martins)

Pode o poeta não ter virtudes outras, mas tem a de sentir e saber o bem que faz querer bem. (Octávio Babo Filho)

O amor que a teu lado levas a que lugar te conduz, que entras coberto de trevas e sais coberto de luz? (Olavo Bilac)

Soprei. Apagou-se a chama. Disse-te adeus em seguida. – Quem diz adeus a quem ama diz adeus à própria vida! (Olegário Mariano)

Dona Saudade, velhinha, bordadeira paciente, não tem agulha nem linha, mas borda os sonhos da gente! (Onildo de Campos)

Seria a vida enfadonha sem as dúvidas que tive. Quem tem certeza não sonha, e quem não sonha não vive… (Orlando Brito)

Vós que andais em ânsias loucas matando a sede às paixões, não junteis as vossas bocas sem unir os corações! (Osmar Barbosa)

Em paz o mundo estaria se governassem a Terra somente mães que algum dia perderam filhos na guerra. (Osmar Godinho)

Cuidai dos ricos, Senhor, protegei-os mais de perto, que aos pobres a própria dor ensina o caminho certo. (Paulo Emílio Pimto)

A ventura é uma quimera que estranhos caprichos tem, pois vem quando não se espera, quando se espera não vem… (Petrarca Maranhão)

Duas almas deves ter… é um conselho dos mais sábios: uma no fundo do ser, outra boiando nos lábios. (Raul de Leôni)

O Filho do Carpinteiro foi um artista profundo: com três cravos e um madeiro fez a reforma do mundo. (Raul Pederneiras)

Contemplo o céu para vê-las com um respeito profundo, pois na raiz das estrelas eu vejo o dono do mundo. (Rodolpho Abbud)

Não me chames de senhor, que não sou tão velho assim, e ao teu lado, meu amor, não sou senhor nem de mim! (Rodrigues Crespo)

De gota em gota, pingando, sem ver que a chuva parou, goteira é a casa chorando porque você não voltou. (Rubens de Castro)

No amor, minha aprendizagem com tantos erros se fez, que não tenho mais coragem de aprender tudo outra vez… (Sebas Sundfeld)

Poder, riqueza, afinal, não valem quanto supões. Nenhum rei de Portugal teve a glória de Camões! (Sebastião Noronha)

Tenho, a lembrar os dispersos castelos que outrora ergui, a pasta cheia de versos e os versos cheios de ti. (Silveira Carvalho)

Teu retrato até rasguei para fugir à verdade… “Sem lembranças”… eu pensei, mas ninguém rasga a saudade! (Thereza Costa Val)

Amar é fazer o ninho que duas almas contém; ter medo de estar sozinho, dizer com lágrimas: – Vem! (Tobias Barreto)

Eu não consigo entender por que tem que ser assim: quando se aprende a viver, a vida já está no fim. (Vera Vargas)

Zerando ofensas e afrontas, o beijo é o mago auditor que faz o ajuste de contas depois das brigas de amor! (Waldir Neves)

Tudo o que tenho reparto, ó Senhor, sempre em Teu nome. Tu fizeste o mundo farto, foi o homem que fez a fome. (Zálkind Piatigórsky)

Trovadores, meus irmãos, vamos viver de mãos dadas. Onde há correntes de mãos não há mãos acorrentadas! (José Maria M. de Araújo)