Ari Santos de Campos
Ari Santos de Campos ocupa a Cadeira nº 03 da Academia de Letras de Balneário Camboriú. Poeta trovador catarinense é filho de João Elizeu de Campos e Andolina Santos de Campos, nascido em Vargedo, município de Nova Trento (hoje Leoberto Leal) a 26 de novembro de 1944, onde iniciou e concluiu o ensino primário.
Foi seminarista da Ordem Sagrado Coração de Jesus e é formado em Letras, pela Faculdade de Ciências e Letras de Mafra-SC (hoje UnC) e pos-graduado em Língua Portuguesa, em nível de Especialização, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) de Curitiba.
Foi Membro Fundador da extinta Academia Itajaiense de Letras, onde ocupava a cadeira número 9; é Membro Fundador da Academia de Letras de Balneário Comboriú, onde ocupa a cadeira número 3, tendo inclusive exercido a presidência por um período de 2 anos e 5 meses (25/02/2016 a 21/07/2016); é Membro Efetivo da União Brasileira de Trovadores, da qual exerceu a presidência da Seção Estadual de Santa Catarina durante o período de 16/05/2013 a 01/01/2018 (quatro anos e meio), e também a presidência da Seção Municipal de Itajaí, por um período aproximado de oito (08) anos, ou seja, de 16 de abril de 2011 a 31 de dezembro de 2018.
Editou o livro de trovas “A Volta de Um Poeta, o Trovador”, também em e-book no Portal CEN de Portugal, e vários participações em diversas Antologias, Coletâneas, Revistas e Jornais.
Alguma de suas trovas:
Quem dera poder focar:
queria nem ter nascido
para não ter que voltar
ao mundo desconhecido...
Hoje o sol nasceu tão lindo,
tão lindo que me confundo:
- será que Deus está rindo
ou rindo está o nosso mundo !?
Um cantor?! - Eu cochilando.
Pavarotti deve ser!
- Era o meu galo cantando
no palco do amanhecer.
Oh lua-cheia, divina,
diga-me "sim", por favor!
- Nesta noite cristalina
traz de volta o meu amor!...
Entre mim e Deus existe
uma grande indagação;
pois tudo fica tão triste
sem amor no coração!
Com musas vivo a sonhar:
à noite durmo um pedaço...
Num caderno, ao despertar,
uma trova eu sempre faço.
A lua, por vez escrava,
se pensasse igual os homens,
às sextas-feiras faltava
em protesto aos lobisomens.
No paraíso, que dista,
grande fato aconteceu;
Eva o pecado conquista
e com Adão... se perdeu.
Justiça não me dá medo
pela palavra que tem.
Dá medo, não é segredo,
é da injustiça de alguém.
Meus amigos valem ouro
e esses laços estreitei.
- Amizade é um tesouro,
sou tão rico igual a um rei.
Vamos trocar nossos ais
por calorosos abraços
em cada “Jogos Florais”,
que tanto estreitam os laços!
Oh minha vida pequena:
minha alma como corrói !...
- Linda morena, que pena,
quando te vejo me dói...
As saudades não têm fim:
a luz do sol se apagou...
- Secou a flor do jardim
e o trem da vida passou.
Do que vale o meu canteiro
de bom trigo, de primeira,
se joio dá mais dinheiro
na “cultura” brasileira ?!
Neste mundo de conflitos
o Poder faz e desfaz...
E os povos seguem aflitos
com a esperança de paz!
Vou partir, mais uma vez,
não parei, desde menino,
dessa vida sou freguês,
mala e cuia é meu destino.
No palco do meu viver,
com a mente distraída,
eu sou ator, sem saber,
neste teatro da vida.
Não sei mais o que fazer:
meu salário é um engano.
- Tenho medo de viver
numa tenda de cigano!
Os namoros no passado
eram difíceis de achar...
Hoje é clique no teclado
e já tem com quem amar !
Sobre o mar sereno e triste,
vou remando à luz da sorte,
porque ponte não existe
na travessia da morte!
Com meu tostão derradeiro,
lá se foi minha amizade!...
Hoje eu vivo sem dinheiro
mas no mundo de verdade.
À noite vou namorar:
da lua já nem preciso,
só quero o teu lindo olhar
atiçando o meu sorriso...
Ao despertar-me, na aurora,
vejo no céu, todo dia,
o teu olhar, que namora
e a solidão que judia.
Minhas trovas eu melhoro,
com detalhes, coisa assim:
troco as rimas e o sonoro
e vou mexendo até o fim.
- Vou remando, de partida,
num mar imenso de paz.
- Mas as ruínas da vida
vem nadando logo atrás !
No sertão, à luz de vela,
vou buscar minha rainha:
- minha vida, vida bela,
para sempre serás minha!
Nesta vida, meus amores
são flores do alvorecer.
Mas se murcharem as flores,
de solidão vou morrer.
Um cupido me flechou
bem dentro do coração:
num asno me transformou,
pois como na sua mão!...
A paixão é traiçoeira,
dizem que pode matar.
Eu digo que é uma coceira
gostosa de se coçar...
Quando me for desta vida
para a eterna dimensão,
vou cumprir pena contida
já de sentença na mão...
Na minha casa, de outrora,
quem dera o teu riso ouvir!
- Em vez de risos, agora,
ouço um cão triste ganir!...
Vejo uma luz, lá no céu,
por certo é o teu paraíso!...
- Minha vida foi-se ao léu,
foi-se também meu sorriso...
Amor é força atrativa,
aparece sem querer:
forma carga positiva
e faz a gente sofrer!...
Num favo doce de mel
eu vivo como ninguém:
isso porque sou fiel
ao meu amor, o meu bem...
Com braço forte no maço,
sobre a pedra a desbastar,
com o cinzel e o compasso
a vida vai melhorar...
Com rezas a Santo Antonio,
casei logo duma vez.
Mas descasou-me, o demônio,
por simples insensatez...
Um milagre aconteceu
entre o povo, numa etapa,
uma pomba apareceu
e pousou na mão do papa !
A noiva chega contente,
está possessa e, por isso,
traz o noivo na corrente
para firmar compromisso...
O relógio disparou
no tempo que não se tem.
Hoje o Natal, mal chegou,
amanhã outro já vem...
À noite longe eu estava
entre o mar e um lindo céu.
Em sonhos eu navegava
num barquinho de papel...
Nos tempos da minha infância,
- oh vida, como eras bela !
Ainda sinto a fragrância
das flores que dei pra ela...
Na minha casa de outrora,
quem dera o teu riso escutar...
- Em vez de risos, agora,
ouço um cão triste me uivar !...
Nosso sol há de brilhar
com maior intensidade
quando a vida se curvar
para a paz da humanidade.
Por favor, meu bem querer,
manda a saudade ir embora!...
E no fim do anoitecer,
venha ver quem tanto chora!
Tudo aqui passa veloz,
neste Iguaçu, livremente,
menos a imagem da foz
que vai grudada na mente...
Vou sem rumo, de partida,
nas águas do meu sonhar...
A jangada é a minha vida,
vou cruzar o além do mar.
De morrer eu tenho medo
e já vai chegar meu fim...
E o que farei do segredo
guardado dentro de mim !?
Dava nela, todo dia,
nem sabia porquê dava...
- Mas ela sempre sabia
cada surra que apanhava.
Não se faz mais amizade
como dantes se fazia...
- Hoje até felicidade
anda assim: meio vazia!
Um pouco louco eu estava
quando perdi meu amor.
Ao som da gaita eu cantava
só pra afastar minha dor!...
Na bruma o seu mausoléu:
Índia de corpinho nu
se esconde por entre o véu
da foz do Rio Iguaçu...
Conviver com dignidade,
ser do bem com alma pura
é o dever da humanidade
esse exemplo de postura.
- Aquele cara aparente,
com pinta de sonhador,
que conta dedo frequente,
tem perfil de trovador.
A vida sofre ameaças
e que a ciência nos diga!
ozônio, gases, fumaças...
- Humanidade, se liga?!
Nesse aparato, tão louco,
já tive tudo o que quis.
Mas hoje tenho tão pouco,
mesmo assim eu sou feliz.
Nesse horizonte infinito,
onde o clarão é profundo,
raiam bênçãos, seja dito,
para ungir a paz do mundo.
A moça, desde criança,
humana, porém mulher,
persegue com esperança
a liberdade que quer.
- Navegando na poesia
também vai o trovador
num barco de fantasia
agregando o seu valor.
- Tem a trova identidade
pela linguagem, talvez,
pelos traços, pela idade,
ou é plágio de quem fez.
Na luz eterna da paz
o mundo segue em conflito
e o povo vil, incapaz,
abafa seu próprio grito.
Uma tal "Sabedoria”,
para dar aos sonhos meus,
fez do sol, luz todo dia,
com a ciência de Deus.
A noite estava tão fria!
Deus então, que vai fazer?
- Abre as cortinas dia,
faz um novo amanhecer.
Um leve vento me leva
para o Éden prometido.
Não sou Adão e nem Eva,
eu sou o destino perdido...
A morte chega ofegante,
leva ao céu ou purgatório...
O inferno é fato chocante
no fogo no crematório.
Não se vá, não, por favor !
Não me faça essa maldade...
Se de fato você for,
eu vou morrer de saudade.
Areias soltas no chão,
rolam prá lá e prá cá...
Eu sou apenas um grão
que só vive ao deus-dará!
Na vasta areia da duna
em um ponto eu lá estou
refazendo uma fortuna
que o vento mau me levou.
Nosso amor já foi demais:
tudo em nós era risonho!...
Mas já ficou para trás,
hoje é apenas um sonho.
- Lobisomem não sossega
sem matar a sua fome:
“se correr o bicho pega,
se ficar o bicho come”!...
De letra em letra o escritor,
com asas imaginárias,
voa o mundo encantador
com magias literárias.
O demônio é uma ameaça,
navega em meu coração,
faz fogo e sopra a fumaça
pra atiçar minha paixão...
Conquistei uma amizade,
alegrou-me o coração...
- Agora a cara-metade
quer fazer separação!?
Nosso sol há de brilhar
com maior intensidade
quando a vida se curvar
para a paz da humanidade.
Bons tempos, a faculdade:
quanta paixão eu curtia !
Foi-se o tempo, a mocidade,
foi-se a luz que me acendia.
Eu não consigo entender
– do futebol – a torcida,
que nada ganha a não ser,
estresse em cada partida...
Já perdi a compreensão:
vejam só, quanta maldade!...
- Me curei do coração
para morrer de saudade!
Longos anos eu sofri,
por tudo que aconteceu...
Hoje a lição aprendi
com novo amor que nasceu.
Raízes, por toda terra,
formam formas desiguais...
Assim, na paz ou na guerra,
se formam os ideais.
Minha vida está tão linda,
vivo assim: que nem bebê.
Felicidade não finda
quando fico com você!...
Num deslize a honradez
lá se foi numa soltura:
- depois da primeira vez,
nenhuma cerca é segura.
Um cupido me flechou
bem dentro do coração:
num asno me transformou,
pois como na sua mão!...
Nos picos da serrania
têm cabanas e cascata
e a lua cheia, vadia,
adormece à luz da mata!
Esse mar não é flagelo,
pois alegra os corações...
Revolto fica mais belo
nas praias e nos costões.
Sem querer o nosso amor
disparou na contramão;
mas seja lá como for,
da vida não abro mão!...
Vejo uma luz lá no céu,
por certo é o teu paraíso!...
- Minha vida foi-se ao léu;
foi-se também sorriso.
Aquelas ondas serenas
vagando num mar azul,
vão banhar belas morenas
nas praias “quentes” do sul.
Tudo aqui passa veloz,
neste Iguaçu, livremente,
menos a imagem da foz
que vem grudada na mente.
Já chega de namorar,
não quero riscos correr,
pois se você me deixar
vou sofrer e até morrer...
Desse futuro, atrevido,
tenho muitas esperanças!...
Pois do passado vivido,
só tenho tristes lembranças.
Fiz juras de amor eterno,
sem muito te conhecer:
agora vivo um inferno
e sofro por merecer.
Eu amo tanto esta flor,
mas ela é muito assanhada...
- Não vive sem o calor
do frevo da madrugada!...
A primavera aparece
com flores dia após dia
e o trem da vida amanhece
trazendo amor e alegria...
Nascem vidas, crescem flores,
esse ornamento se esmera
nos campos com lindas cores
dando vida à primavera.
Esse mar, tão espelhado,
com reflexos de magia,
põe o céu todo a seu lado,
pra rogar a nostalgia !
Uma beleza inconteste,
como pintura a pincel,
nesse azul claro celeste,
voam as aves no céu.
- Foi numa noite febril,
um tanto mal assombrada,
que minha musa surgiu,
fazendo trovas do nada !
Uma estrelinha, bem cedo,
semelhante a um carrossel,
trouxe uma trova “segredo”
com a lavra de Miguel...
A luz da vida é profunda
e toda desconhecida:
pois cada mãe que fecunda
traz outra luz para a vida!...
Numa cidade agitada,
movida pelo progresso,
tem gente que não tem nada,
mas faz enorme sucesso...
As Cataratas do Rio
Iguaçu, lado de cá,
Deus só fez com tanto brio
para dar ao Paraná!
Quero crescer no civismo
procurar mais liberdade
sem esse tal fanatismo:
- o risco da humanidade.
Pobre cão abandonado,
sem afeto ou alegria,
nesse mundo desalmado,
ante a vida e assim morria.
Com trapaça um trovador
leva prêmios, sem direito,
ganha fama sem compor
qualquer texto: contrafeito.
Jesus disse aqui na terra,
numa trova universal.
Com a Paz, longe da guerra,
faça a Luz do seu Natal !!!
Mantenho a casa fechada,
tenho medo de ladrão.
Já prefiro não ter nada,
mas ter paz no coração.
Perdido eu vivo sozinho:
mundo algum eu descobri !
Ao longo do meu caminho,
em que curva eu me perdi ?
Do meu futuro atrevido
tenho muitas esperanças.
Mas, do passado vivido
só tenho tristes lembranças!
Esta Rosa brasileira
ao Chile vai por amor,
levando a terna bandeira
no peito do trovador.
Quem dera poder ficar:
queria nem ter nascido
para não ter que voltar
ao mundo desconhecido...
Hoje a Lei manda prender
quem tem armas, engraçado !
- Como posso proteger
a família desarmado !?
Quero velar o meu sonho
e sufocar o meu grito...
Leva não, sonho medonho,
minha mãe ao infinito !...
Oh Senhor, Grande Arquiteto,
Deus Uno desse Universo,
do Teu Templo, por decreto,
ponha o prumo no meu verso !!!