Artigos: Sonetos

02 de Julho, 2019

Soneto de Cruz e Sousa

Homenagem ao poeta catarinense "Cruz e Sousa"

Soneto: A Morte

Oh! que doce tristeza e que ternura
No olhar ansioso, aflito dos que morrem…
De que âncoras profundas se socorrem
Os que penetram nessa noite escura!

Da vida aos frios véus da sepultura
Vagos momentos trêmulos decorrem…
E dos olhos as lágrimas escorrem
Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados
Os que na terra vagam suspirando,
Com os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando
Báratro a baixo, aos ecos soluçados
Do vendaval da Morte ondeando, uivando…

26 de Julho, 2012

NUVENS DE FADA

Categorias: Sonetos

Nuvem de fadas há certo momento, vira miragem por todo luar... Vulto demente, com o seu talento, lá faz a minha alma perambular.  Junto dos sonhos vou solto no vento, longe de tudo e de todo zumbar... Meus desatinos, em são sacramento, jazem-se ao fluxo e refluxo do mar.  Numa visagem o meu anjo-bento larga seu mundo e cá vem reparar todas mazelas do meu sofrimento.  Arfam-se os ventos em um trovejar: vulto demente se vai ao relento, nuvem de fadas me traz o sonhar.

Ari Santos de Campos

26 de Julho, 2012

NO ÉDEN

Hoje eu só quero saber onde estás: Vou enlaçar os meus sonhos aos seus, sei que em seu mundo não pesam jamais sonhos feridos unidos aos meus.  Minhas malicias ficaram pra trás: não trilharei mais caminhos ateus... Busco meu mundo repleto de paz, tal qual um éden - viver semideus.  Neste meu vale sem cor, nem valor, vejo lampejos cruzando o meu fim; por isso torno e prossigo no amor.  Se dentre às pedras jogadas em mim, em qualquer fenda nascer uma flor, lá, com certeza, farei meu jardim.

Ari Santos de Campos

26 de Julho, 2012

TRILHAS DA VIDA

Nas trilhas da vida meu sol se enlaça às trevas da noite e à farsa de alguém que vive zombando e impondo desgraça a quem nunca soube amar muito bem.  Por isso é que eu bebo o sacro da taça e sinto o seu fel descendo que nem a vida que eu levo (sina devassa) ao mundo das trevas como desdém.  Decerto não levo, ao mundo do além, o belo da vida assim como vem do sopro divino ou forja da graça.  Do vale dos tempos eu sou um refém de monstros ocultos “sonhos” porém eu sou uma sombra de vida que passa.

Ari Santos de Campos

26 de Julho, 2012

NA TUMBA

À face da noite sem trégua se entrosa às fadas e bruxas, à luz da magia... Aos berros os bravos com dor pavorosa acordam à noite da melancolia. De muitos aromas o cheiro da rosa infesta essa noite medonha e sombria, enquanto que aos prantos a musa melosa se abraça na lira em vivaz melodia. Estão inspirados meus versos, diversos, das sombras ocultas, em sã fantasia, ao mundo dos feitos e sonhos imersos. Enquanto que os berros se calam, dispersos e a noite soturna se faz calmaria, as musas na tumba desterram meus versos.

Ari Santos de Campos

26 de Julho, 2012

SER POETA

Categorias: Sonetos

Tingida de sonhos as noites me vêm com  asas quimeras do meu querubim: em vôo, de repente, descubro no além os versos perdidos, num vago confim. Abraço esses traços e junto também os dogmas impostos às vidas e assim vou destro na fonte e me torno refém das bravas mazelas grudadas em mim. No horto sagrado, sem vidas, estão os versos trazidos, iguais a um buquê de flores morridas, ornando o jardim. E junto das folhas, aos ventos se vão comigo a magia dos sonhos porque eu sou um poeta das sombras ao fim.

Ari Santos de Campos

26 de Julho, 2012

OH PAI, ME LEVAI !

Eu quero apagar, tira-lo da mente, o vulto da cena visto em um dia: do luto o meu choro, tão comovente que a fala esmorece e a voz balbucia. O povo aparece e por conseqüente, faz a procissão, com “Ave-Maria”, prossegue nas ruas, tendo na frente, a cruz e um esquife entre a romaria. E junto ao cortejo, no campo-santo, se seguem gemidos com emoção... e aos prantos sepultam meu pobre pai. A terra sem seiva destroça o encanto da vida que torna ao pó deste chão... então eu vos peço: oh pai, me levai!...

Ari Santos de Campos